sexta-feira, 28 de março de 2008

O problema dos neutrinos solares

O neutrino é uma partícula elementar que não tem carga eléctrica e que, visto ser tão difícil de detectar, ganhou o nome de "partícula evasiva". A sua baixa massa e ausência de carga eléctrica faz com que, na sua viagem desde o sol, possam atravessar toda a terra sem que colidam com nenhuma partícula. Isto deve-se ao facto de os átomos serem essencialmente compostos por espaço vazio.
Os neutrinos vêm em 3 "sabores" diferentes, que estão ligados à forma como são criados através de decaimentos radioactivos e/ou reacções nucleares. Os 3 tipos de neutrinos são: neutrinos do electrão, neutrinos do muão e neutrinos do tauão. Cada um destes neutrinos tem o seu correspondente em antimatéria, denominado de antineutrino.

O problema dos neutrinos solares foi levantado nos finais dos anos 60 quando Raymond Davis e John Bahcall se propuseram a detectar o fluxo de um dado "sabor" de neutrinos provenientes de uma certa reacção nuclear no sol e detectaram apenas um terço do fluxo previsto pela teoria standard.

Depois de vários anos de estudo e de inclusivamente se pôr em causa o modelo standard, Bruno Pontecorvo previu que um efeito quântico poderia fazer com que um neutrino criado com um certo "sabor" poderia mais tarde vir a ser detectado com um "sabor" diferente. E previu também que a probabilidade de medir um certo sabor num neutrino varia periodicamente enquanto este se propaga. Esta oscilação de neutrinos e consequente resolução do problema dos neutrinos solares foi observada no detector SNO (ver imagem) através da medição do fluxo de neutrinos provenientes do sol durante o dia e durante a noite (à noite os neutrinos têm que atravessar toda a terra até chegar ao detector).
A oscilação de neutrinos implica que estes não tenham massa igual a zero como previsto originalmente pela teoria standard, pelo que o seu estudo tem bastante interesse, quer teórico quer experimental.

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