segunda-feira, 5 de maio de 2008

Aprender Física Brincando

O saudoso físico Richard Feynman, numa das suas biografias conta-nos como o seu pai, que, não sendo cientista, era no entanto um apreciador do estudo das ciências naturais, o incentivava a encontrar os padrões e a lógica por detrás de qualquer actividade banal.
Uma das histórias que ele nos conta passou-se quando Feynman ainda era bebé. Muitas vezes ele e o pai brincavam, colocando vários tijolos em pé uns atrás dos outros como por vezes fazemos com peças de dominó, e empurrando o primeiro para ver as peças caindo em cascata. Depois de conseguir prender a atenção do filho com este simples jogo, o seu pai começava então a colocar uma peça de uma cor seguida de uma peça de outra cor seguida de outra peça com a cor da primeira e assim sucessivamente. Deste modo Feynman era obrigado a entender o padrão pois o seu pai não o deixava inserir peças que não obedecessem ao padrão escolhido (mesmo que por vezes a mãe pensasse que isso era um tipo de tortura que estava a ser feita ao pobre rapaz).
A jogar este e outros jogos deste tipo, Feynman estava a aprender regras matemáticas elementares sem que se apercebesse.
Um dos principais problemas apontados no ensino da física moderna é o facto de os nossos cérebros terem evoluído de modo a compreender o que se passa no mundo à nossa escala. Nós olhamos para uma pedra e temos a percepção que a rocha é dura e impenetrável mesmo sabendo que ela consiste essencialmente de espaço vazio, no entanto se fôssemos do tamanho de um neutrino, seria lógico para nós que a pedra era tão "transparente" como o ar que nos rodeia. Se nos deslocássemos a velocidades perto da velocidade da luz, não teríamos qualquer dificuldade em entender a contracção do espaço e a dilatação do tempo. Ou seja, se desde novos conseguirmos de alguma forma visualizar o mundo subatómico, não deveremos ter tanta dificuldade em aprender e perceber os conceitos que regem a mecânica quântica. O mesmo se passa com a relatividade, geral e restrita. Enquanto não existem meios tecnológicos para que isto aconteça, é bom saber que já há pessoas a desenvolver tecnologia com este intuito, mesmo que seja só para efeitos que ocorrem à nossa escala. Uma das ferramentas que veio ajudar imenso na compreensão da física à nossa escala foi o computador e os jogos que neles podemos jogar. Nos jogos modernos existe cada vez mais uma preocupação em fazer as interacções do jogador com os elementos presentes no ecrã parecerem o mais reais possível. Para isto, os elementos têm que seguir as leis da física pois, de outro modo, o jogador apercebe-se que algo está estranho mesmo sem saber o quê. É o equivalente a ver uma pintura em que as sombras não estejam correctas.
Podem ver no vídeo abaixo uma demonstração de um destes programas pedagógicos chamado Crayon Physics Deluxe.
Quantos futuros físicos não estarão neste momento a tirar partido de este jogo tão interessante?

3 comentários:

Anónimo disse...

Feynman chegou a passar algum tempo aqui no Brasil, na década de 50. Uma pena que não conseguimos atrair mais cientistas, ou mesmo que ele não tenha ficado mais tempo por aqui.
Alexandre Martins Melo

Nabla disse...

É verdade, mas pelo menos puderam desfrutar do seu génio enquanto ele esteve aí, aprendendo samba (como é que se chama mesmo o instrumento que ele tocava? Frigideira ou qualquer coisa do género). Eu gostaria que, mesmo por pouco tempo, ele também tivesse passado por Portugal, podia ser que o seu génio tivesse semeado o gosto pela física no meu país.

André disse...

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