quinta-feira, 30 de abril de 2009

Estatisticamente Falando

Nas nossas conversas do dia-a-dia, estamos recorrentemente a falar de estatística e probabilidades, quer seja quando nos socorremos de um estereótipo para provar um qualquer ponto ou quando tiramos uma conclusão sobre uma situação baseada no facto de a situação contrária não nos parecer provável. O facto é que a população em geral, e infelizmente também muitas das pessoas que trabalham em locais em que estes conceitos são de grande importância, não têm uma grande noção do significado da definição de probabilidade nem da validade dos testes estatísticos.
É sabido que quando se pede a um grupo de indivíduos para escrever uma sequência de acontecimentos que descreva, por exemplo, o lançamento de uma moeda a grande maioria das pessoas não insere repetições suficientes para descrever correctamente os lançamentos reais. Um excelente artigo sobre este fenómeno pode ser lido no blog Cosmic Variance e no blog Bad Astronomy podemos ver como está ligado ao funcionamento intrínseco do nosso cérebro e como nos faz ver padrões onde não existem.
Uma das maneiras de as pessoas compreenderem o que quero dizer é a seguinte:
Qual destas sequências de lançamento de uma moeda parece mais provável (H- significa cara e T- significa coroa)

HTTHTHTH
ou
HHHHTTTT

O que acontece é que a maior parte das pessoas dirá que o segundo lançamento tem menos probabilidade de acontecer porque têm uma perspectiva errada do que significa haver 50% de probabilidade de calhar cara e 50% de probabilidade de calhar coroa num lançamento. A realidade é que a probabilidade de obter cada uma destas sequências quando efectuamos uma série de 8 lançamentos é a mesma.

Poderão pensar que isto é muito técnico e que não se aplica no nosso dia-a-dia, mas quando perceberem que procedimentos tão usuais como o recrutamento de trabalhadores para uma empresa, ou o diagnóstico de uma qualquer condição do foro médico tem por base estudos estatísticos que são frequentemente mal interpretados pelos agentes contratadores e/ou médicos talvez a vossa opinião mude. Noutro post falarei do teorema de Bayes e como muitas das decisões que fazemos na vida são baseadas na nossa percepção (muitas vezes inconsciente) deste teorema estatístico.

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